quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Só falha essa ligação.

Há uma urgência de mudar a estrada.
Por não ter mais desvios que findam em sorrisos.
Qualquer instante agora na tua presença, iria salvar uma alegria inteira.
Mas só resta na estante uma saudade que eu não esqueço, que não cede.


Ana Morais

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em um "sempre" que não é agora. As linhas irão se cruzar e o meu futuro irá se perder no seu. Sem fim.
Me permito sonhar também.

Ana Morais

fazendo amores.


Quem pode parar o tempo?
Quem pode fazer ele esperar?
Quem pode me calar em um abraço?
Quem pode levar de volta a palavra "retirar"?
Quem pode me responder: "Se não era pra ficar, por que é que chegou e foi embora?"
Quero o que te leva e traz, quero te carregar no ventre dos minutos, fazendo amores.

Ana Morais

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Entre eu e eu.

Paro em horas mórbidas, penso no “tarde demais”.
E como quem não quer nada, começo a aceitar os doces que os dias oferecem.
O vento agora a noite parecia se encaixar com o meu rosto, brincou com os meus cabelos, balançou a minha alma e se deixou escapar, entre as janelas.
Alguma coisa ficou, entre eu e eu.
Preciso dar certo, hoje repito com muito vigor.

Ana Morais

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Traga-me.


Nesse momento, eu imploro que alguém salve a minha parte mais doída, que salve meus dias, que me dê saídas.
Que coloque o tempo longe de qualquer espera ou incerteza.
Quero portas abertas, novos ares. Quero o que vem por inteiro, derrubando todas as tristezas, com o verbo “mudar” como lema e que além dele venha a esperança da estrada que ninguém nunca caminhou.

Ana Morais

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

guardo.

Guardo, pra não dizer, só por dizer.
Todos os dias estão sendo de silêncios íntimos, suspiros e ausências.
Guardo meu mundo.
Guardo a sua espera.
Pra (re)lembrar.
Pra ver se o coração suporta esse tempo, que só deixa essa fome pra depois.
Guardo lembranças, como chance.
Um olhar, um gesto.
Uma única certeza que me acompanha, é que não espero os caminhos cruzarem.
Talvez seja uma forma de sair, sem encarar o meu medo.
Guardo aquele último olhar.
Lembro que seu abraço me valeria muito agora.

Ana Morais

se soubesse.


As faltas estão no que penso,
Como um cego, não vejo a dimensão que isso me atinge.
Sobra uma pressa e um choro incontido,
Dobro o meu corpo, ao saber do impossível,
as partes dos meus versos se tornam tristes.
Errei por querer mais que a mim, mas também por ter amor.
Só assim saberia que poderia fazer durar.
Por não querer desistir, insisti.
Ao teu lado, qualquer coisa parecia comigo.
Até então a cura não veio. Mas é hora de compor novos caminhos.


Ana Morais

terça-feira, 9 de novembro de 2010

doído,

Prefiro um livro, um banco na praça, uma memória adormecida de como fui, ao invés da penúria. A melodia de uma música que relembre minha paz. A voz acolhedora. Um sim. Qualquer coisa que finalize esses vazios, que transborde algo maior. Ficar sozinha, não mais. Agora necessito ser o barulho da porta batendo, da lentidão das horas em lugares agitados, das mensagens que chegam. Quero confusão, movimento, palavras que me falem sobre erros ou acertos. Almejo abraços que nem é mais presença, mas só saudades. Preciso da cama desarrumada, dormir com calor, sentir arrepio da pele encostada. Com alegria e pensamentos. Com sonho bom. Cansada dessa imensidão que me deixa só. Dessa agonia que quer tomar o peito. Já fui muita lágrima, com leve dor nos lábios. Só sei ser o que sinto, por inteiro. Está doído, tudo.

Ana Morais

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

sinto,

Te sinto quando perco um riso. Só sei notar o que foi invadido. Logo eu, que sou sempre tão cheia de corredores vazios, me vejo rodeada de excessos que nem sei traduzir. Me torno pequena diante desse sentimento, me olho desconhecendo tudo que resta, fico a inspecionar essas horas que correm sem freios, tempos multiplicados em ausências. Não sei pra qual caminho olho, não sei por onde você passeia enquanto te vejo se perder de mim. Não consigo ver a singularidade de quem se importa nem do querer confundido. Preciso doer, preciso fazer sentir, ferir nessas horas que verbalizo, preciso ouvir a vida gritar comigo em vozes maiúsculas, reclamando das faltas tuas, que sobram em vãos da minha garganta angustiada de nó. Quero te ver nos dias alegres. Não no amanhecer sem cor, nos lençóis molhados, nas gavetas de um passado que não se foi, que dorme e acorda comigo. Quando me enxergo agora, sinto os teus arrepios e os meus medos deslizando nesse corpo. Sinto cada vez mais as estradas em desencontros que eu não posso evitar. Me sujeito as vontades de um destino que não quer que isso faça soma, mas aviso que sou dura na queda, porque não é fácil entregar os pontos. Nesse momento fico te tocando no escuro, imaginando palavras e sonhos, chutando pro lado as dores. Desaprendendo novamente. Me rendendo. Que é pra ver se te observo mais. Pra ver se torno próximo.

Ana Morais

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

consome o tempo confuso.


Existem horas que seguro a voz pra não sair por aí gritando, coloco a máscara do sorriso quando na verdade quero passar o dia inteiro trancada, em meio a choros, solidão, ausência de voz, palavras, perguntas. Aprendo com as dores, descubro, amadureço, fico incompleta mas tão plena em alguns sentidos. De todas as companhias, a minha sempre será a que mais me satisfaz. Ainda não sei quantas vezes vou ter que cobrir meu querer.

Ana Morais

sábado, 11 de setembro de 2010

vírgulas novas.

Palavras feitas somem, estou cheia de muitos sentimentos, euforias, alegrias e pensamentos sem formas. Sorriso nos lábios que não querem parar, cansaço das memórias que me deixavam sem dormir, fico com a mente presa em novos pontos. Sigo paralisada e imaginando o que poderia ter sido melhor naquela noite, não sei. Teimo nesse fogo, nesse jogo cheio de riscos, nesse silêncio que me diz tanto, que só cala quando me vejo num abraço seu, onde acho que tudo pode ficar nas minhas mãos, em uma calma.

Ana Morais

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

suspiros.

Vou sacudir essa poeira, resolvi limpar todos os lugares que ocupo, por pensar em mim, por querer ver um novo canto cheio de novas cores fortes. Sinto cheiro de chuva, sinto frio, sinto o último suspiro dessa velha roupa, me permito também sentir o último beijo, nem que seja num relance, me perdendo... Voltando. Retiro as tuas mãos dos meus caminhos, não quero elas tentando confundir essa razão, lágrimas são teimosas, o remorso te procura junto com o meu corpo, e essa mistura não tem bom resultado. Minha mente te rejeita, porque não dar mais pra suportar.

Ana Morais

desamor:

Com a sua presença ficamos feios, desacreditados, cheios de dúvidas quanto a felicidade, sofremos pelo deitar solitário e pelo acordar de uma noite cortando cebolas, com um medo constante, um sentimento de fraqueza e com a morte da crença em nós mesmos.
Chegamos em casa, depois de um dia farto, sem ter quem abraçar, sem ter com quem conversar dos problemas econômicos do país ou até mesmo do desenho que passa na TV. Entramos pela porta dos fundos, com apenas o silêncio de um cantinho sem sabor, onde não moram licenças, não existem tapetes para não sujar o chão limpo, nem músicas que nos arranque saudações positivas naquela hora.
Sofremos com o abismo que é parar de sonhar com isso, receamos não entender esse lado vertical, mas continuamos nossa caminhada importuna.
“Desistir” de tudo que imaginamos quase todos os dias é uma das piores dores. Mas do que vale apenas um remando?
O que não se permite dançar divina dádiva não aprenderá os passos nem tão cedo.
Não falei de cirandas, e sim de dança a dois, repito: a dois.


Ana Morais

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sinais.


Acreditei em fórmulas, em conselhos, segui os passos de todas as receitas e nesta lista não faltou rituais meticulosos: Cuidei do meu jardim, tentei escrever a metade dos meus sentimentos que explodem aqui, que me deixam vulnerável, exposta, nua.
Cuidei do meu tempo.
Cuidei da minha memória, tentei retira-lo do quarto, do lugar.
Cuidei para que minha esperança não abandonasse o barco furado. Cuidei para que um novo presente me deixasse com um olhar mais feliz.
Cuidei dos focos futuros em todos os ângulos, procurando apenas acumular bons horizontes. Ver novas fontes. Enfim, mergulhei de uma forma mais profunda que pude. Entristeci. A intensidade sempre me moveu e morreu aqui. Preciso viver dentro, não fora.
Abusei da minha razão cansando-a de ser dona de todo o meu ser. Hoje em uma forma desesperada, fico abrindo caminhos pro meu coração sentir e ele se machuca como uma criança que cai. Fiz pedidos as estrelas. Tentei ser dois, mesmo tão sozinha no meu lugar. Chorei nesse cantinho que ensinou-me a pressentir, a ver que não têm jeito que dê jeito nisso.
Acolho meu luto sem cor. Crio ilusões. Invento sorrisos falsos. Finjo não ver esse vazio perturbador, que ao invés de pegar a mala e sumir no mundo, persiste.
Avisos do não “eterno” foi dado, basta começar a acreditar, que é o mais difícil. Quero ligar os sinais e chegar ao ponto final. Quero morrer de amor, mas não sei usar essa imensidão pra controlar meus afetos. Dúvidas não, só aceito overdoses de céu azul, dias livres, encantos de uma estrada plana, convicções. Ventre cheio de sonhos novos e caminhos desejados.

Ana Morais

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aqui dentro,

Em uma noite consegui, por poucas horas mas suficientes, me tornar mais forte do que as minhas angústias, do que os meus tropeços. Apenas com um riso teu. Que me deu uma sensação de existência leve, simples, viva, mais feliz quem sabe. Que mudou meu dia, meu querer. Com um olhar no tempo que se perdeu por diversas interferências, eu ainda desejo, ainda quero. Necessito suportar os meus medos, amanhecer com os meus sonhos em paz. Renunciar o pouco que aceito. Tentar um resto em uma folha em branco. Algo que transborde. Que brinque com os meus sorrisos. Hoje mais uma vez converso com as estrelas e escrevo pensamentos permanentes de uma jornada só, sem separações mas também sem junções. Dolorido. Coloco em mente que meus dias não irão correr com os seus, que minha casa não pode ser em qualquer lugar. Eu só queria que fosse aqui, no que chamo de tudo. Onde brindo as minhas alegrias, onde eu me encontro com as minhas lagrimas. Aqui dentro, no meu eterno. No meu coração onde eu gravo meu mundo, onde você ocupa tanto espaço.

Ana Morais

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

pedurando,

Tão incerto que me cega, ofusca.
É, e esse inverno mesclado com muito calor. Calor dos corpos escondidos, das noites perdidas, que são levadas pelas brisas. Paixão que parte o tempo ao meio, consome e some.
Mas ainda vou aprender e esperar esquecer. Algum dia saiu pela porta dos fundos e não volto mais, não quero essa amargura que prende as minhas horas, priva meu riso. Fica.

Ana Morais

sábado, 21 de agosto de 2010

Um pouco mais, cada dia mais.

Os arrepios correspondiam toda aquela sensação, sobrevivia na pele, no desejo incontrolável, na idéia iludida de complemento. É difícil pra mim, ver a sua ausência me afogando na cama, no peito, na alma. Meu sangue pulsa fervendo, junto com uma vagareza que nem os corrompidos saberiam tamanha explicação. Meus braços sozinhos que querem abraços. Detalhes.
Um pouco mais, cada dia mais.

Ana Morais

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lembranças,


Passei dias tentando parir algumas frases, linhas que não saiam.
Intercalando tempo e solidão, horas inacabadas. Quero esquecer. Te resta tão pouco, te tenho na música que não toca mais, na poesia que não sai e no “agora” meu, mas apenas no avesso teu. Me deixo triste, te deixo longe, na tentativa alucinada de ver se você sai por aí virando poeira. Me abro, porque parece ser a única solução, deixo chover, não quero outro amanhecer escapando dos meus olhos. Deposito só no que não me sustenta, no meu outro lado que inventei pra tentar distrair. Esse lado que não pulsa, que não anda, que me mata aos poucos. Em dores conta–gotas.

Ana Morais

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

novas sementes.

Vida leviana, delgada, apressada, tão ligeira que meus pensamentos soltos não conseguem aproximar, alcançar, termino sendo esquecida na estrada. Mais um dia frio de Agosto. Passado acompanhado pelo meu silêncio constante. É, lembrei-me que preciso dissipar essa parte que domina meus dias, apesar dos passos vagarosos que vão de contra a tudo, que querem desfazer os meus presentes, sigo. Sem querer que ele me acompanhe, sem rastros. Não tenho tempo pra cair nas graças das horas, um segundo importa e reserva grandes milésimos de milagres. Só quero acordar bem amanhã.

Ana Morais

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Eu sei que poderia ter sido diferente, ou não. Eu sei que poderia ter acertos ou não. Eu sei que mesmo torto, seria certo. Eu sei, eu sei... O que ainda eu não consigo enfrentar é essa inquietude que faz dia e noite em mim. Tento trocar o tempo inteiro o pulsar mais forte por silêncios curtos que soam momentos melhores. Arrisco diariamente a estrada com caminhos prontos por pontos incertos de luz no fim do túnel. Parece inevitável. Tenho que mudar de rumo, ando me prometendo isso e não cumpro.

Ana Morais
Esse inverno pede pra ser vivido, sentido, e mais um se vai, perdido... Apenas rimas permanecem, versos escondidos, rascunhos.
Não há adjetivos agora que esclareçam em tempo real o que se sente quando não se vive um dia, apenas um dia. Fecho meus olhos para não lembrar, tento retocar meu rosto para alguns, mas o meu canto tem a mesma cor, o mesmo som, a mesma dor, a mesma falta.
Ele sempre me segue, no frio que sinto, no sonho que vivo, nas lembranças que deito, no imprevisível, no previsível. Tento fugir do passado, alcanço o presente, cubro as horas de planos que mal planejo. Desejo o que ainda não vive, pressinto e perco.
Perco a noite que não durmo. Perco a saudade, perco tudo, parece sina.
Preciso de doses de paciência.

Ana Morais

sexta-feira, 30 de julho de 2010

separações.

Os olhos não podem enxergar, as mãos estão à céus de distância e mesmo assim ainda consigo sentir como se estivesse perto, ao lado. Atravessando as separações, as impossibilidades do espaço, do tempo e mergulhando na esperança de que um dia o pulsar do coração aproxime. Agora não há toque, sorrisos, nem o mirar dos nossos olhos. Me resumo em ausências, me consumo em nostalgias.

Ana Morais

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não faça o que quer, se não sabe.

Ainda se mexe dentro de mim, fora também. Em curtos momentos de ventos leves e em espaços enormes de tempestades. Andar de mãos dadas com o meu passado ainda me faz perder maiores passos futuros, parece que esqueci um complemento lá trás. Dentro dessa casa que fiz, incorporo aquela menina que fui e tento encaixar essa que me tornei. Ela não para de berrar, espernear, fala "não" com frequência, é teimosa, bate o pé. Os seus dedos fazem cafuné na minha mente e isso é o que me permite amplificar mais esses sentimentos.
Antes de mais nada, preciso redescobrir aquele jeito, que um dia me fez mais feliz, tentando não lembrar mais das brechas que ficaram.
Porque a alma é a que mais chora, inunda esse lugar, meus sonhos acordam molhados, amanheço chovendo.
Um dia ainda olharei minhas pegadas, minhas caminhadas, e enfim irei dizer:
“Pronta pro tudo”, meu coração irá estremecer novamente. O inesperado vai fazer o seu trabalho.
Vi que pouco de mim ainda te tira o sono, mas muito de você me ameaça, corta e termina no nada. Faz silêncio por um tempo, descansa e volta alimentado, maior, forte. Querendo comer pelas beiradas os meus restos.
Penso em dizer: “vem pro meu lado, fecha os olhos e sonha coisas bonitas pra mim”
Mas entendo, poucas noites hoje em dia são tão belas quanto aquelas.
- Não faça o que quer, se não sabe.

Ana Morais

descansar.



Durante as horas que voam, contra todos os pensamentos que me perseguem, me torno uma melancólica, sem o correr das lágrimas, sem risos e rios de milagres nos olhos. Esqueço do dia que se foi. Esqueço e eternizo novas alegrias nos breves momentos de esperança que ainda sustentam todo o meu corpo desencorajado. Quero descanso.

Ana Morais

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Equilíbrio.

O mais estranho pra mim agora é equilibrar a fonte e o desejo, o correto e o errado, o sim e o não, a tentação chega a escorrer pela minha boca. Belas incertezas essas. Prefiro sentir colado, abraçar forte, lembrar com lágrimas nos olhos, gosto da chegada inesperada, da partida dolorosa, da vida espalhada pelos cantos e encantos, o que não pode ser entendido, apenas apreciado. Eu nunca sei em que capítulo estou, em qual me perdi, em que página eu posso me encontrar. Porém, me aceito. Com uma certeza saiu daqui, não sou pela metade, não quero, chega a me atormentar essa idéia.

Ana Morais

sussurro poemas.

Fico completa se sou sua
nem um pouco sozinha, nem te deixando.
Viro a sorte de um fim de tarde em frente ao mar,
Que brilha na alma, enobrece, amor
Me transformo, me torno mais branda.

Ana Morais

Sobrevivo.

A sede daquilo que não se tem, é uma tortura em sequência angustiante e demorada.
O que seria? Não consigo definir.
Invento, tento recriar meus mundos, meus prazeres, acolho sonhos, depois jogo todos na lixeira, imagino, conserto, ando pelas ruas com pensamentos “estranhos”, cabeça cheia e a vida tentando apressar mais ainda os meus passos, meus pés cansados.
Parece que virei um fruto do presente preguiçoso, do ócio, dos dias.
Um complemento inteiro, pela metade. Olho para as folhas, sinto o vento, almejo aquela ponte, preciso me banhar em um rio mais límpido. Respiro o cheiro do mar. Ah, como me vejo simples agora. Pela manhã entrego o meu instinto a aurora e esqueço as escolhas. Dessa maneira me pareço perfeita, sou composta do que fere, de mãos, corpos, do que aquece e une. Sobrevivendo.

Ana Morais

sua.


O sol vem e junto com ele dores de uma noite mal dormida, nunca esvaziada, sempre com muitos sentimentos expostos, com o vazio que carrego no peito que só adormece pela manhã, o melhor seria deitar ao seu lado e esperar o amanhecer - sendo sua.

Ana Morais

terça-feira, 27 de julho de 2010

madrugadas e versos.

Os pensamentos não me ajudam, a madrugada me deturpa, o calor em meu corpo, o frio dentro de mim, parecem que te gravam ainda mais, ás vezes é a única solução que me resta para sentir o “não presente”. Porque se assim não fosse, eu não existiria.
Porque se assim não fosse, o tempo se prolongaria. Porque se assim não fosse, eu não teria vivido você. E com essa falta de tudo, o que me restaria? Qual seria o meu total?
Penso, que só você completa esses dias.

Ana Morais

contemplar.


Nasci do silêncio e gosto de tê-lo, morar nele, evidenciar o que não foi dito nem nunca vai ser. Cresci para vivenciar com força os meus pensamentos, com sopros que sempre mudam o rumo. Percepções, palavras nuas que preenchem a alma, olhares que desvendam os mistérios de um longo destino e contempla de uma forma tão singular o futuro próximo. Essa mulher que aqui escreve, anda cheia de desejos maiúsculos, de vontades efêmeras, detalhes maiores que ela, mas só sobrevive nas redondezas de um todo que o agora se transformou.

Ana Morais

segunda-feira, 26 de julho de 2010

fruto insano.

A estrada segue só por uma direção, a mente com um fruto insano que reflete a ausência da velha razão e seus lábios ainda ficam persuadindo as minhas verdades. Em alguns momentos parece que abortou um pouco da sabedoria que me restava. Virei vítima, fruto dessa pele camuflada, vítima do falso domínio. Hoje, nesse domingo, enquanto o cobertor aquecia meu corpo entediado, permiti que meus olhos projetados por pensamentos empoeirados alcançassem aquele espírito banhado pela divina luz de um dia de sol na praia. Quero arrumar a desorganização que se tornou meu dia-dia, abandonar a gramática, esquecer de virgulas, pontos e viver melhor o meu anoitecer sob olhares pra esse novo céu que tanto tenta se mostrar. Não quero ser mais rima, nem verso. Serei tempo. Desejo. Verdades minhas. Caminho e escolhas. Serei o que pressinto.

Ana Morais

domingo, 25 de julho de 2010

girassóis na cama.

Se vier comigo, deite ao meu lado, dentro de mim e não me venha gesticular ilusões, decepções que ficaram adormecidas. Pega na minha mão, faça um pacto enquanto vejo seu machucado ou enquanto eu elogio seus olhos, sua boca.
Não me deixe sozinha, não me faça esperar mais tempo. Ocupa esses espaços com abraços de saudades, beijos longos, de amor, de prazer, afasta tudo do lugar, muda, se possível, pinte com uma nova cor, retira os moveis, não queira ver tudo desbotar, desaparecer. Eu te admiro ainda e você exige algo melhor?
Prepara a mesa com boa comida e vinho, não precisa arrumar nada, só quero muitas músicas pra poder viajar nos pedaços do seu corpo, girassóis na cama, fragmentos de delicadeza sempre me emocionam. - Exagerei no romantismo?
Depois de tudo isso, não me alerta com relação a horarios, quero ficar alí bem quieta por algumas longas horas, esquecendo das provas, bilhetes na porta ou qualquer coisa que me arraste daquele lugar que imagino todas as noites. Essas turbulências me fazem pensar, mudar e querer cada dia mais, não com uma vaga certeza, não mais, mas com uma plenitude. Me ligue pra dizer qualquer coisa ou só pra ficar ouvindo a minha respiração. Chegue ou me deixe esperando até dormir de tanto imaginar a cena do teu último sorriso. Quero sempre o seu melhor, tenho sede dele, e ás vezes isso se torna até insuficiente pra mim, te quero por completo. Venha com todos os seus defeitos, erros que eu ainda consiga perdoar. Seja essência, é o que preciso. Preencha todo o meu tempo, acumule meus sonhos com os seus, empacote nossos planos, embrulhe e dê-me de presente suas vontades, carregue minha dor, meu silêncio - sozinho, como eu.

Ana Morais.

sábado, 24 de julho de 2010

não posso vê-lo,

Ainda queria tê-lo por perto. Sentir meu ar ir embora diante dessa sua presença, sentir meu coração pular com seus beijos, abraços, com suas mãos percorrendo meu corpo. Eu queria precisar de você com essa sua loucura, com esse seu modo tão estranho de ver a vida, com esse jeito tão esquisito, que não consigo entender. Durante essa manhã acordei com uma vontade de chorar, parece que a cabeça não quer aceitar “essa ausência com sua presença”, ela não quer entender essa contradição, preciso afogar isso nas lágrimas durante esse tempo lento, de uma forma certeira, pra não mais voltar.
Ainda queria te ter em meus braços, falar e fazer bobagens, escutar músicas novas, filmes, mas preciso aprender a me manter cada dia mais longe. Agora com o sol me acordando muito cedo, me veio suas imagens, meu sono me abandonou com uma exatidão de segundos. Eterna linha que nos separa, o fino laço que aqui ficou, ainda me faz reclamar muito, ainda me faz lhe desejar demais. Almejo pra mim um melhor estado de espírito, não esse que respiro. Só assim o que irá permanecer será as boas lembranças, O agora não pode ser saciado, essa espécie de desejo contínuo que jamais pode ser salvo, resgatado.


Ana Morais

sexta-feira, 23 de julho de 2010

preciso ir.

Ando na vida procurando novos ventos, felicidade, doses de paciência, tentando achar um ser nessa loucura humana que me “complete”, como aquele, aquele... Ás vezes penso que era ele, mas não, tenho que dizer a mim que não é. Foi só um engano bonito. Ele se fez tão singular, completo e assim permanecerá.
Escrevo pra esvaziar mais essa sala cheia, isso é o que ainda salva a minha alma do mundo. Possível seria me desarmar desmedidamente se essa hora fosse mais alegre, falasse apenas de amor, de música, do mar, da brisa fria e calma, não sofrimento. O pouco nunca foi o suficiente, ainda sobra muito espaço e incomoda, enlouquece mais.
Há muito tempo meu coração se fez intenso e insubstituível, hoje ele dói, só é essa palavra que me vem agora, dor. Resta-me tão pouco, levo metade do mundo de anseios comigo no bolso desse casaco velho. Espero que um dia eu aprenda a suprir essa vontade louca de tê–lo. Gosto até do que desconheço nele e assim faço amor com o que escrevo a cada verso que entrego nesse momento, ele está.
Ah, palavras minhas, apenas palavras... Sentidos seus. Nunca pensei que iria sobreviver a tanto tempo, até aqui foi difícil, chegando ao limite de vários anos, me desconheço nesses minutos, só lembro dos sorrisos, das noites, das madrugadas, das conversas.
Tenho que te dizer que: Quanto mais espero, mais te deixo.
Não dar pra ir, não pode ser. Paraliso. Não vou está mais esperando, prefiro me anular. Não sou mais aquela menina, mas amo, amei, senti de uma forma tão estranha esse gosto que não sai da minha boca, que me completou tão suavemente que nem percebi naquele dia, no dia que te encontrei. Mas preciso ir, um dia quem sabe nos abracemos novamente, grito por braços e abraços agora. Mas UM DIA, quem sabe.


Ana Morais

O silêncio me traz um dia de paz.

Fico tentando fazer versos, mas apenas um pensamento enlouquece e predomina, nada de me prolongar. Só precisava de contos pra te prender, verbos, flores, mas eu me falto. Me vejo em reticência aqui.
Desconheço vírgulas em que coloco, pausas. Mas respiro, não vejo mão do impossível nisso tudo, sinto vontade de voar até ao ponto que me “finaliza”. Onde todos me vejam, exclamem, que sejam em mim, por mim, o bastante. Interrogação baila comigo. São linhas infinitas, indefinições, retas, azedas. De mim uma ponte de segmentos nus e irônicos. Pouco me ajeito, mas te escrevo assim que possível, preciso me fortalecer.

Ana Morais.

vinho e corpos aquecidos.

Dias nublados, dias que me reciclo, dias cinzas, dias que eu fico mais colorida. Hoje o meu amor vai hibernar. Ele não vem. Não vejo a face que mais quero ver. Se vai pra longe, noite fria longa, um sabor amargo.
Espero ele, como sempre esperei. Meu inverno permanece na alma... E a saudade vira algo infinito. É, necessito paralisar meus cílios naquele riso, preciso deitar sobre o peito dele e sentir o calor que quero pra me esquentar, misturar o vinho, com corpos bem aquecidos. Sonhos entrelaçados, lábios encaixados, mão com mão, dentro um do outro, sublime. Ah, precisava tanto. Mas vou congelar esses pensamentos.

Ana Morais

Quem eu posso tirar daqui?

Todas as minhas angustias devo ao um só dono, minhas dores, minha saudade, minhas dúvidas. Só não consigo entender porque ainda suplico essa presença constantemente, o não esquecimento, um das minhas maiores faltas, uma incerteza, uma estupidez, noites passadas, alguns prazeres nunca vividos e ainda com tudo isso, não consigo entender esse desejo.
Sempre espero aquele ser depois das seis da noite com todo aquele jeito que só ele sabe ter pra me envolver, com sua barba mal feita, com seu cheiro, com sua pele que me traz uma memória perturbadora, uns arrepios múltiplos que não quero sentir, não mais, meu Deus...
Quero tirar do meu quarto toda essa lembrança, todo esse interesse, todos esses pensamentos, sentimentos, não quero que leve mais do que levou, só insisto pra ver meu coração livre novamente.
me camuflarei com menos expectativa e um pouco mais de segurança pra que não me falte argumentos ao lançar aquela pergunta que já me perturba sem antes de lhe ver chegar: "Quem eu posso tirar daqui?".
Mesmo sem querer eu lhe entrego o que não é meu de direito e volto a arrumar essa bagunça, essa desordem que por diversas vezes causou na minha vida.
E peço novamente ao TEMPO senhor de todas essas aflições, as minhas horas, meus minutos, segundos, milésimos, nesses momentos que são apenas meus, só dessa maneira me encontro mais leve, em paz, mais uma vez.

Ana Morais

quarta-feira, 30 de junho de 2010

voar sozinha,


quero tanto, preciso de tanto, gosto de muitos, muitos beijos, muitos abraços, muitas verdades, muitas fantasias, muitas noites, muitas risadas, mais entendimento com olhar, mais leveza e facilidade para sorrir...
eu quero tanto, quero tudo em exagero, demasiadamente que nem sei expor esse turbilhão que mora dentro de mim, não cabe aqui mais, quer voar e vai voar sozinho.

Ana Morais

terça-feira, 22 de junho de 2010

reencontro movido a sorte,


Em toda família perfeita que formava em minha mente 'com tira um, coloca outro, põe de volta aquele', houveram os que permaneceram estáticos, poucos é bem verdade e que eu poderia contar nos dedos de minha mão. eu explico: poucos tem a tradução de mínimo mesmo, como tem que ser. mínimo, quando vai se tirando os que aparentemente já eram necessários, mas não são tanto, não tanto, não tanto... daí o que se tira é o mel da flor e o ouro, como nos garimpos se fazia antigamente, uma pepita de ouro e muita terra em minha peneira. tu, minha pepita, és meu mínimo ouro em excesso, o pouco-mínimo-máximo.
tu não é o que sobrou. na verdade, tu é o que faltava. (K.J)


Ana Morais.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

AGORA.

O esperado se tornou pálido, necessito de cores, o que muda a vida, preciso do inesperado.
Grito cada vez mais por poucas palavras, uma dose certa de silêncio e ações... boas ações.
Minhas expectativas não realizadas?
Ah, nem incomoda tanto quanto antes do amadurecimento árduo.
A tristeza com um tempo vai embora e volta quando quer, desse modo sempre permanece, porque é necessário tê-la.
Hoje quero aprender a ser mais feliz, sentir uma espécie de paz e felicidade bem diferente, por mais que não seja de imediato... que venha o lado doce.

Ana Morais

quinta-feira, 17 de junho de 2010

tempero forte,


Um coração de menina e a matéria apimentada, é harmonia dos sons e sabores.
Diretamente proporcional a intensidade do som, ela é rainha, e nela sempre será assim, todo sorriso é a descoberta prazerosa do ser. Todo abraço é o ponto facultativo para amar. Pimenta que cheira a intensidade, cada tempero que desfaça, refaça, renove e faça tudo ser como ainda não foi, pois o novo é o tempo, ele mesmo, inteiro, agora - esquecido pelos tolos. Este tempo constante que nem sol, amarelo girassol. Sol de um dia com nuvens leves e desenhadas, anjo, bebê, menina, mulher das janelas azuladas, esverdeadas, desconectadas de toda intenção óbvia, de toda falcatrua óptica. (T.A)

Ana Morais

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Desistir é mais doloroso que esquecer... saudade bate, trás mudanças de humor, de costumes, de conversas, de caminhos, lembranças estão sendo mais insistentes durante esses dias.
Preciso de presenças agora.
Há horas que só ameniza quando choro incessantemente, nesses exatos minutos a minha alma percebe que estou "desistindo". Agora o que me resta é pouco, mas tão intenso, e no fim, de que me vale o que me sobra, se o que me sobra só sou eu e esse vazio?


Ana Morais

sexta-feira, 21 de maio de 2010

livre pra fracassar?



Preciso mesmo de tempo pra me encontrar, sentir prazer em dar prazer ao meu norte, enfim ter aquele caminho traçado...
Desde pequena sempre houve algo que faltava, fazia um eco que não calava, aquilo que dorme e acorda comigo AINDA.

Ana Morais

quarta-feira, 3 de março de 2010

Viva em mim,

Léguas cansativas, ciclos encerrados e nostalgias...
O que resta agora é a saudade, que veio renascer nessa ausência, mas se fez belo e necessita ter um fim, dando lugar as memórias boas e melhores dias, momentos de alegrias efêmeras estão a caminho, a cada nascer do sol uma esperança, após as grandes tempestades há o preparo da terra e a espera das novas colhetas... No ritmo da vida curta e mansa permaneço, com uma busca insaciável pela eternidade, vou no silêncio de uma alma mais tranquila que me faz companhia, a plenitude me consome, em magnitude me trasnformo.

Ana Morais

sábado, 6 de fevereiro de 2010

me faltam dedos;



Me faltam dedos pra contar de quantas já passei, rabisco aqui maus pensamentos.
A madrugada perdura e com ela o desassossego.
Na escuridão do meu quarto me vem reflexões soltas, insônia e repúdio a cama.
Escuto a sinfonia do silêncio, e por um milésimo de segundo me vejo em paz.
Vivo só e sigo assim se é o melhor, me acho mais feliz.
Cada vez mais cínica com a vida por necessidade, me transformo.
Tenho a conclusão ruim (para os outros) que não viveria sempre tão 'cega', se não houvesse essa tal mudança poderia ter sido dose letal.

Ana Morais.