terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aqui dentro,

Em uma noite consegui, por poucas horas mas suficientes, me tornar mais forte do que as minhas angústias, do que os meus tropeços. Apenas com um riso teu. Que me deu uma sensação de existência leve, simples, viva, mais feliz quem sabe. Que mudou meu dia, meu querer. Com um olhar no tempo que se perdeu por diversas interferências, eu ainda desejo, ainda quero. Necessito suportar os meus medos, amanhecer com os meus sonhos em paz. Renunciar o pouco que aceito. Tentar um resto em uma folha em branco. Algo que transborde. Que brinque com os meus sorrisos. Hoje mais uma vez converso com as estrelas e escrevo pensamentos permanentes de uma jornada só, sem separações mas também sem junções. Dolorido. Coloco em mente que meus dias não irão correr com os seus, que minha casa não pode ser em qualquer lugar. Eu só queria que fosse aqui, no que chamo de tudo. Onde brindo as minhas alegrias, onde eu me encontro com as minhas lagrimas. Aqui dentro, no meu eterno. No meu coração onde eu gravo meu mundo, onde você ocupa tanto espaço.

Ana Morais

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

pedurando,

Tão incerto que me cega, ofusca.
É, e esse inverno mesclado com muito calor. Calor dos corpos escondidos, das noites perdidas, que são levadas pelas brisas. Paixão que parte o tempo ao meio, consome e some.
Mas ainda vou aprender e esperar esquecer. Algum dia saiu pela porta dos fundos e não volto mais, não quero essa amargura que prende as minhas horas, priva meu riso. Fica.

Ana Morais

sábado, 21 de agosto de 2010

Um pouco mais, cada dia mais.

Os arrepios correspondiam toda aquela sensação, sobrevivia na pele, no desejo incontrolável, na idéia iludida de complemento. É difícil pra mim, ver a sua ausência me afogando na cama, no peito, na alma. Meu sangue pulsa fervendo, junto com uma vagareza que nem os corrompidos saberiam tamanha explicação. Meus braços sozinhos que querem abraços. Detalhes.
Um pouco mais, cada dia mais.

Ana Morais

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lembranças,


Passei dias tentando parir algumas frases, linhas que não saiam.
Intercalando tempo e solidão, horas inacabadas. Quero esquecer. Te resta tão pouco, te tenho na música que não toca mais, na poesia que não sai e no “agora” meu, mas apenas no avesso teu. Me deixo triste, te deixo longe, na tentativa alucinada de ver se você sai por aí virando poeira. Me abro, porque parece ser a única solução, deixo chover, não quero outro amanhecer escapando dos meus olhos. Deposito só no que não me sustenta, no meu outro lado que inventei pra tentar distrair. Esse lado que não pulsa, que não anda, que me mata aos poucos. Em dores conta–gotas.

Ana Morais

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

novas sementes.

Vida leviana, delgada, apressada, tão ligeira que meus pensamentos soltos não conseguem aproximar, alcançar, termino sendo esquecida na estrada. Mais um dia frio de Agosto. Passado acompanhado pelo meu silêncio constante. É, lembrei-me que preciso dissipar essa parte que domina meus dias, apesar dos passos vagarosos que vão de contra a tudo, que querem desfazer os meus presentes, sigo. Sem querer que ele me acompanhe, sem rastros. Não tenho tempo pra cair nas graças das horas, um segundo importa e reserva grandes milésimos de milagres. Só quero acordar bem amanhã.

Ana Morais

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Eu sei que poderia ter sido diferente, ou não. Eu sei que poderia ter acertos ou não. Eu sei que mesmo torto, seria certo. Eu sei, eu sei... O que ainda eu não consigo enfrentar é essa inquietude que faz dia e noite em mim. Tento trocar o tempo inteiro o pulsar mais forte por silêncios curtos que soam momentos melhores. Arrisco diariamente a estrada com caminhos prontos por pontos incertos de luz no fim do túnel. Parece inevitável. Tenho que mudar de rumo, ando me prometendo isso e não cumpro.

Ana Morais
Esse inverno pede pra ser vivido, sentido, e mais um se vai, perdido... Apenas rimas permanecem, versos escondidos, rascunhos.
Não há adjetivos agora que esclareçam em tempo real o que se sente quando não se vive um dia, apenas um dia. Fecho meus olhos para não lembrar, tento retocar meu rosto para alguns, mas o meu canto tem a mesma cor, o mesmo som, a mesma dor, a mesma falta.
Ele sempre me segue, no frio que sinto, no sonho que vivo, nas lembranças que deito, no imprevisível, no previsível. Tento fugir do passado, alcanço o presente, cubro as horas de planos que mal planejo. Desejo o que ainda não vive, pressinto e perco.
Perco a noite que não durmo. Perco a saudade, perco tudo, parece sina.
Preciso de doses de paciência.

Ana Morais