terça-feira, 29 de março de 2011

"Quase"



Estive tão perto de sentir o sabor de "ser livre", não era disfarce ou lapso
Era só a morte da saudade que vive sempre, era só a tentativa de bordar novas aspirações em outros braços.
Mas não, usei da tolice e troquei por um quase querer, um quase acaso, um quase perto, um quase sonho, um quase sentimento, um quase caso, um quase destino, um quase que nunca foi nem inteiro.
E agora, seguro os pensamentos que correm nessa reta, sumo com a quase vontade, que era apenas minha e um dia volto a florescer nas profundezas do recomeço.

Ana Morais

quinta-feira, 17 de março de 2011

Tão longe;



Resta um fôlego entalado.
Resta a hora desmanchando os rabiscos
Resta teu corpo desenhado com o meu.
Resta escrever sobre uma delicadeza de memória viva.
Resta o "não riso" afundando a sensatez.
Resta teus dedos escorregando nos fios do meu cabelo.
Resta essa falta dividida entre a esperança e as sobras.
Resta ainda o cheiro perfumando.
Resta o fechar dos olhos pra sentir. 
Resta algumas medidas de fórmulas quase impossíveis.
Resta cansaço.
Resta a luz da lua, onde eu te acho.
Resta uma profunda saudade e o vai e vem das ondas.
Resta as lacunas do "tão longe".
Resta aquilo que não foi e foi embora.
Resta esse inferno revestido em céu, céus de lembranças da pele calada.
Resta o sangrar reprimido.
Resta segredos escondidos.
Resta um ego queimado pelo calor do desejo.
Resta o difícil, o que é bem difícil de esquecer.
Resta fugir do que resta, partir e no final das contas,
apenas guardar no que se diz "eterno".

Ana Morais

domingo, 13 de março de 2011

Onde.



Ao fundo dos acontecimentos, em milhares de perguntas que faço, uma me encara o dia inteiro:
"Onde está você?"
De algumas semanas pra cá, só sei dizer que, não sei.
Sempre rasgo cartas e deixo outras em uma gaveta.
Nessa imensidão, peço o atalho pra minha paz, aquele que levastes na mala... É,
necessito apagar esse remorso clandestino, as amarras dos meus pensamentos,
não dar pra me espatifar toda vez que lembro que fui estúpida em se deixar provar.
Permito embriagar-me nessa busca sem freios, não sei mais de mim, só sei recordar que o controle existiu.
Necessito da solidão, pra poder reerguer as paredes do equilíbrio, sem cobranças me acordando no meio da madrugada...
Sim, aproveitando, devolve as horas que perco enquanto mergulho nessas correntezas. 



Ana Morais

sexta-feira, 11 de março de 2011

artifícios;



Não me apresso, só atravesso a ponte, sem ressuscitar as partidas. Vivo do que cabe no caminhar, do ajustável ao meu rumo.
Estico esse fogo genuíno, aqueço as mãos com um pouco de coragem e termino adormecendo com os vestígios da luz acesa, sua face retratada sobre a cama se desfaz entre os formatos perfeitos das promessas não corrompidas, o irrevogável gemido rouba da boca a línguagem de outro começo. Dia após dia o coração cheio de marcas vai sendo moldado por notas compostas daquilo que chega. Aos poucos sinto-me que habito no eterno e essas ondas revelam que sou fortaleza,  as doses de tempestades torna-me mais peculiar nos artifícios da vida, permanentemente arte. 


Ana Morais

  

terça-feira, 8 de março de 2011

silhuetas.


Desejo um abraço, daquele que dá pra escutar a melodia do coração. 
Desejo o tempo sem pressa nessa hora. 
Desejo o calor de dois corpos saciados. 
Desejo até aqueles olhares cheios de juras. 
Desejo a cama fresca, a palavra muda.
Desejo meia luz, o ardor e a única claridade vista, o brilho do suor. 
  Desejo as almas deslizando. 
Fazendo silhuetas, morada uma na outra. 
Ah, eu desejo...


Ana Morais

segunda-feira, 7 de março de 2011

e s p a ç o.

Agora desisto de algumas respostas, nem seguro mais as outras que achava que existiam, elas tomaram um sentindo contrário. Não posso mais suportar esse lugar tão cheio de abismo, que me liga as dores, me amarra num espaço mínimo,sufocante. Limitando a minha verdade bonita de ver sempre um nascer do sol. Parei, com essa tristeza que era suficiente para me deixar nublada.Dou e s p a ç o para que nuvens brancas me enobreçam. A vida têm que me tocar de alguma maneira. Mudo a rotina e sigo em ritmos que mostrem encantos. 

Ana Morais

                                                                       

domingo, 6 de março de 2011

renovo,

Há dias que as horas importunas adormecem, elas param de se mostrarem mais forte do que eu e no fundo é disso que gosto, me distraio. Só assim pelas manhãs reinvento alguns sonhos.

Ana Morais

sexta-feira, 4 de março de 2011

levo nos ombros;


O medo de não querer mais o seu tempo no meu, é não poder voltar.
Alguns momentos pedem passagem. Lembro de você quando vejo o mar, o pôr do sol, a lua... Até em becos que vivem em mim, te acho.
Ainda carrego uns traços de criança indefesa, mas aprendi cedo a conjugar alguns verbos... Explorar e sentir o raiar aquecer os horizontes. É, chegou a hora disso. Os dias te afastam de mim, eu não posso colocar pausa na vida e esperar. Deixo soltar as lágrimas, quando não ouso ver aquela porta entreaberta. Depois de tantas quedas, o que me sobra são as feridas. Mais uma vez levo nos ombros o que dói.

Ana Morais