sexta-feira, 30 de julho de 2010

separações.

Os olhos não podem enxergar, as mãos estão à céus de distância e mesmo assim ainda consigo sentir como se estivesse perto, ao lado. Atravessando as separações, as impossibilidades do espaço, do tempo e mergulhando na esperança de que um dia o pulsar do coração aproxime. Agora não há toque, sorrisos, nem o mirar dos nossos olhos. Me resumo em ausências, me consumo em nostalgias.

Ana Morais

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não faça o que quer, se não sabe.

Ainda se mexe dentro de mim, fora também. Em curtos momentos de ventos leves e em espaços enormes de tempestades. Andar de mãos dadas com o meu passado ainda me faz perder maiores passos futuros, parece que esqueci um complemento lá trás. Dentro dessa casa que fiz, incorporo aquela menina que fui e tento encaixar essa que me tornei. Ela não para de berrar, espernear, fala "não" com frequência, é teimosa, bate o pé. Os seus dedos fazem cafuné na minha mente e isso é o que me permite amplificar mais esses sentimentos.
Antes de mais nada, preciso redescobrir aquele jeito, que um dia me fez mais feliz, tentando não lembrar mais das brechas que ficaram.
Porque a alma é a que mais chora, inunda esse lugar, meus sonhos acordam molhados, amanheço chovendo.
Um dia ainda olharei minhas pegadas, minhas caminhadas, e enfim irei dizer:
“Pronta pro tudo”, meu coração irá estremecer novamente. O inesperado vai fazer o seu trabalho.
Vi que pouco de mim ainda te tira o sono, mas muito de você me ameaça, corta e termina no nada. Faz silêncio por um tempo, descansa e volta alimentado, maior, forte. Querendo comer pelas beiradas os meus restos.
Penso em dizer: “vem pro meu lado, fecha os olhos e sonha coisas bonitas pra mim”
Mas entendo, poucas noites hoje em dia são tão belas quanto aquelas.
- Não faça o que quer, se não sabe.

Ana Morais

descansar.



Durante as horas que voam, contra todos os pensamentos que me perseguem, me torno uma melancólica, sem o correr das lágrimas, sem risos e rios de milagres nos olhos. Esqueço do dia que se foi. Esqueço e eternizo novas alegrias nos breves momentos de esperança que ainda sustentam todo o meu corpo desencorajado. Quero descanso.

Ana Morais

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Equilíbrio.

O mais estranho pra mim agora é equilibrar a fonte e o desejo, o correto e o errado, o sim e o não, a tentação chega a escorrer pela minha boca. Belas incertezas essas. Prefiro sentir colado, abraçar forte, lembrar com lágrimas nos olhos, gosto da chegada inesperada, da partida dolorosa, da vida espalhada pelos cantos e encantos, o que não pode ser entendido, apenas apreciado. Eu nunca sei em que capítulo estou, em qual me perdi, em que página eu posso me encontrar. Porém, me aceito. Com uma certeza saiu daqui, não sou pela metade, não quero, chega a me atormentar essa idéia.

Ana Morais

sussurro poemas.

Fico completa se sou sua
nem um pouco sozinha, nem te deixando.
Viro a sorte de um fim de tarde em frente ao mar,
Que brilha na alma, enobrece, amor
Me transformo, me torno mais branda.

Ana Morais

Sobrevivo.

A sede daquilo que não se tem, é uma tortura em sequência angustiante e demorada.
O que seria? Não consigo definir.
Invento, tento recriar meus mundos, meus prazeres, acolho sonhos, depois jogo todos na lixeira, imagino, conserto, ando pelas ruas com pensamentos “estranhos”, cabeça cheia e a vida tentando apressar mais ainda os meus passos, meus pés cansados.
Parece que virei um fruto do presente preguiçoso, do ócio, dos dias.
Um complemento inteiro, pela metade. Olho para as folhas, sinto o vento, almejo aquela ponte, preciso me banhar em um rio mais límpido. Respiro o cheiro do mar. Ah, como me vejo simples agora. Pela manhã entrego o meu instinto a aurora e esqueço as escolhas. Dessa maneira me pareço perfeita, sou composta do que fere, de mãos, corpos, do que aquece e une. Sobrevivendo.

Ana Morais

sua.


O sol vem e junto com ele dores de uma noite mal dormida, nunca esvaziada, sempre com muitos sentimentos expostos, com o vazio que carrego no peito que só adormece pela manhã, o melhor seria deitar ao seu lado e esperar o amanhecer - sendo sua.

Ana Morais

terça-feira, 27 de julho de 2010

madrugadas e versos.

Os pensamentos não me ajudam, a madrugada me deturpa, o calor em meu corpo, o frio dentro de mim, parecem que te gravam ainda mais, ás vezes é a única solução que me resta para sentir o “não presente”. Porque se assim não fosse, eu não existiria.
Porque se assim não fosse, o tempo se prolongaria. Porque se assim não fosse, eu não teria vivido você. E com essa falta de tudo, o que me restaria? Qual seria o meu total?
Penso, que só você completa esses dias.

Ana Morais

contemplar.


Nasci do silêncio e gosto de tê-lo, morar nele, evidenciar o que não foi dito nem nunca vai ser. Cresci para vivenciar com força os meus pensamentos, com sopros que sempre mudam o rumo. Percepções, palavras nuas que preenchem a alma, olhares que desvendam os mistérios de um longo destino e contempla de uma forma tão singular o futuro próximo. Essa mulher que aqui escreve, anda cheia de desejos maiúsculos, de vontades efêmeras, detalhes maiores que ela, mas só sobrevive nas redondezas de um todo que o agora se transformou.

Ana Morais

segunda-feira, 26 de julho de 2010

fruto insano.

A estrada segue só por uma direção, a mente com um fruto insano que reflete a ausência da velha razão e seus lábios ainda ficam persuadindo as minhas verdades. Em alguns momentos parece que abortou um pouco da sabedoria que me restava. Virei vítima, fruto dessa pele camuflada, vítima do falso domínio. Hoje, nesse domingo, enquanto o cobertor aquecia meu corpo entediado, permiti que meus olhos projetados por pensamentos empoeirados alcançassem aquele espírito banhado pela divina luz de um dia de sol na praia. Quero arrumar a desorganização que se tornou meu dia-dia, abandonar a gramática, esquecer de virgulas, pontos e viver melhor o meu anoitecer sob olhares pra esse novo céu que tanto tenta se mostrar. Não quero ser mais rima, nem verso. Serei tempo. Desejo. Verdades minhas. Caminho e escolhas. Serei o que pressinto.

Ana Morais

domingo, 25 de julho de 2010

girassóis na cama.

Se vier comigo, deite ao meu lado, dentro de mim e não me venha gesticular ilusões, decepções que ficaram adormecidas. Pega na minha mão, faça um pacto enquanto vejo seu machucado ou enquanto eu elogio seus olhos, sua boca.
Não me deixe sozinha, não me faça esperar mais tempo. Ocupa esses espaços com abraços de saudades, beijos longos, de amor, de prazer, afasta tudo do lugar, muda, se possível, pinte com uma nova cor, retira os moveis, não queira ver tudo desbotar, desaparecer. Eu te admiro ainda e você exige algo melhor?
Prepara a mesa com boa comida e vinho, não precisa arrumar nada, só quero muitas músicas pra poder viajar nos pedaços do seu corpo, girassóis na cama, fragmentos de delicadeza sempre me emocionam. - Exagerei no romantismo?
Depois de tudo isso, não me alerta com relação a horarios, quero ficar alí bem quieta por algumas longas horas, esquecendo das provas, bilhetes na porta ou qualquer coisa que me arraste daquele lugar que imagino todas as noites. Essas turbulências me fazem pensar, mudar e querer cada dia mais, não com uma vaga certeza, não mais, mas com uma plenitude. Me ligue pra dizer qualquer coisa ou só pra ficar ouvindo a minha respiração. Chegue ou me deixe esperando até dormir de tanto imaginar a cena do teu último sorriso. Quero sempre o seu melhor, tenho sede dele, e ás vezes isso se torna até insuficiente pra mim, te quero por completo. Venha com todos os seus defeitos, erros que eu ainda consiga perdoar. Seja essência, é o que preciso. Preencha todo o meu tempo, acumule meus sonhos com os seus, empacote nossos planos, embrulhe e dê-me de presente suas vontades, carregue minha dor, meu silêncio - sozinho, como eu.

Ana Morais.

sábado, 24 de julho de 2010

não posso vê-lo,

Ainda queria tê-lo por perto. Sentir meu ar ir embora diante dessa sua presença, sentir meu coração pular com seus beijos, abraços, com suas mãos percorrendo meu corpo. Eu queria precisar de você com essa sua loucura, com esse seu modo tão estranho de ver a vida, com esse jeito tão esquisito, que não consigo entender. Durante essa manhã acordei com uma vontade de chorar, parece que a cabeça não quer aceitar “essa ausência com sua presença”, ela não quer entender essa contradição, preciso afogar isso nas lágrimas durante esse tempo lento, de uma forma certeira, pra não mais voltar.
Ainda queria te ter em meus braços, falar e fazer bobagens, escutar músicas novas, filmes, mas preciso aprender a me manter cada dia mais longe. Agora com o sol me acordando muito cedo, me veio suas imagens, meu sono me abandonou com uma exatidão de segundos. Eterna linha que nos separa, o fino laço que aqui ficou, ainda me faz reclamar muito, ainda me faz lhe desejar demais. Almejo pra mim um melhor estado de espírito, não esse que respiro. Só assim o que irá permanecer será as boas lembranças, O agora não pode ser saciado, essa espécie de desejo contínuo que jamais pode ser salvo, resgatado.


Ana Morais

sexta-feira, 23 de julho de 2010

preciso ir.

Ando na vida procurando novos ventos, felicidade, doses de paciência, tentando achar um ser nessa loucura humana que me “complete”, como aquele, aquele... Ás vezes penso que era ele, mas não, tenho que dizer a mim que não é. Foi só um engano bonito. Ele se fez tão singular, completo e assim permanecerá.
Escrevo pra esvaziar mais essa sala cheia, isso é o que ainda salva a minha alma do mundo. Possível seria me desarmar desmedidamente se essa hora fosse mais alegre, falasse apenas de amor, de música, do mar, da brisa fria e calma, não sofrimento. O pouco nunca foi o suficiente, ainda sobra muito espaço e incomoda, enlouquece mais.
Há muito tempo meu coração se fez intenso e insubstituível, hoje ele dói, só é essa palavra que me vem agora, dor. Resta-me tão pouco, levo metade do mundo de anseios comigo no bolso desse casaco velho. Espero que um dia eu aprenda a suprir essa vontade louca de tê–lo. Gosto até do que desconheço nele e assim faço amor com o que escrevo a cada verso que entrego nesse momento, ele está.
Ah, palavras minhas, apenas palavras... Sentidos seus. Nunca pensei que iria sobreviver a tanto tempo, até aqui foi difícil, chegando ao limite de vários anos, me desconheço nesses minutos, só lembro dos sorrisos, das noites, das madrugadas, das conversas.
Tenho que te dizer que: Quanto mais espero, mais te deixo.
Não dar pra ir, não pode ser. Paraliso. Não vou está mais esperando, prefiro me anular. Não sou mais aquela menina, mas amo, amei, senti de uma forma tão estranha esse gosto que não sai da minha boca, que me completou tão suavemente que nem percebi naquele dia, no dia que te encontrei. Mas preciso ir, um dia quem sabe nos abracemos novamente, grito por braços e abraços agora. Mas UM DIA, quem sabe.


Ana Morais

O silêncio me traz um dia de paz.

Fico tentando fazer versos, mas apenas um pensamento enlouquece e predomina, nada de me prolongar. Só precisava de contos pra te prender, verbos, flores, mas eu me falto. Me vejo em reticência aqui.
Desconheço vírgulas em que coloco, pausas. Mas respiro, não vejo mão do impossível nisso tudo, sinto vontade de voar até ao ponto que me “finaliza”. Onde todos me vejam, exclamem, que sejam em mim, por mim, o bastante. Interrogação baila comigo. São linhas infinitas, indefinições, retas, azedas. De mim uma ponte de segmentos nus e irônicos. Pouco me ajeito, mas te escrevo assim que possível, preciso me fortalecer.

Ana Morais.

vinho e corpos aquecidos.

Dias nublados, dias que me reciclo, dias cinzas, dias que eu fico mais colorida. Hoje o meu amor vai hibernar. Ele não vem. Não vejo a face que mais quero ver. Se vai pra longe, noite fria longa, um sabor amargo.
Espero ele, como sempre esperei. Meu inverno permanece na alma... E a saudade vira algo infinito. É, necessito paralisar meus cílios naquele riso, preciso deitar sobre o peito dele e sentir o calor que quero pra me esquentar, misturar o vinho, com corpos bem aquecidos. Sonhos entrelaçados, lábios encaixados, mão com mão, dentro um do outro, sublime. Ah, precisava tanto. Mas vou congelar esses pensamentos.

Ana Morais

Quem eu posso tirar daqui?

Todas as minhas angustias devo ao um só dono, minhas dores, minha saudade, minhas dúvidas. Só não consigo entender porque ainda suplico essa presença constantemente, o não esquecimento, um das minhas maiores faltas, uma incerteza, uma estupidez, noites passadas, alguns prazeres nunca vividos e ainda com tudo isso, não consigo entender esse desejo.
Sempre espero aquele ser depois das seis da noite com todo aquele jeito que só ele sabe ter pra me envolver, com sua barba mal feita, com seu cheiro, com sua pele que me traz uma memória perturbadora, uns arrepios múltiplos que não quero sentir, não mais, meu Deus...
Quero tirar do meu quarto toda essa lembrança, todo esse interesse, todos esses pensamentos, sentimentos, não quero que leve mais do que levou, só insisto pra ver meu coração livre novamente.
me camuflarei com menos expectativa e um pouco mais de segurança pra que não me falte argumentos ao lançar aquela pergunta que já me perturba sem antes de lhe ver chegar: "Quem eu posso tirar daqui?".
Mesmo sem querer eu lhe entrego o que não é meu de direito e volto a arrumar essa bagunça, essa desordem que por diversas vezes causou na minha vida.
E peço novamente ao TEMPO senhor de todas essas aflições, as minhas horas, meus minutos, segundos, milésimos, nesses momentos que são apenas meus, só dessa maneira me encontro mais leve, em paz, mais uma vez.

Ana Morais