quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Agora;


Acho que nunca quis tanto o agora desenhando os meus dias como hoje, engraçado é sentir pelos corredores da vida o arrepio de permanecer tão inteira depois dos olhares tristes que paralisam, conseguir abrir as portas desconhecidas e ser surpreendida com sorrisos novos que alarmam a alma é um divino despertar, a cada entardecer me vejo voltando para casa escutando canções antes jamais ouvidas. Sinto o mover das razões, o trocar das alternativas, o tocar das mãos, o dedilhar na minha nuca, um momento certo, para ouvir o timbre de um outro lugar, que me cabe inteiramente.
(Ana Morais)

Deixá-lo vir;


O começar recomenda que abra as janelas do desvendar , basta respirar e trocar o confortável, pelo o chão. O começar, é descobrir sem a ajuda do nosso herói que as noites são inseguras, que chorar debaixo do cobertor ás vezes é preciso, mas que o sorriso no outro dia é indispensável. O começar, é aprender muito sozinho. Começar, é assimilar que existe somente alguns minutos para as paixões, e entre os intervalos delas, se percebe que o amor não tem hora marcada no cardiologista. Começar é aprender com erros cometidos, e calar diante do ato do silêncio que se torna necessário em frente a uma dor. Começar, é saber que nada tem garantia, nem mesmo a vida que se acaba de adquirir, quanto mais a nova TV. Começar, é saber que por mais que você espere, e-mails não chegam, mensagens não são enviadas,  telefones não tocam no momento que quer, que esperanças não são dadas em diversas formas e porções,  que o cristal quebra com mais facilidade que vidro, mas que os dois quebram e não são recuperados,  e que continuar requer vontade. Começar, é permitir passos e de repente notar que a estrada da nossa trajetória é só de ida, não de volta. Começar, é ter coragem de criança, é descobrir como andar ao lado do caos. Começar é aprender a mastigar as derrotas. Começar, é sobreviver ao inferno daqui. Começar não é só ter planos no papel, é concretizá-los no presente. O começar é o herdeiro que parimos dia após dia. E não importa quando vai permitir que ele nasça, se é agora, amanhã ou aos 50 anos, mas é crucial deixá-lo vir.  
(Ana Morais)  

sábado, 15 de outubro de 2011

Anos se passaram, e com eles mudanças minhas, que nem todos acompanharam.

(Ana Morais)

...

Às vezes a gente não percebe antes, o que deveria ter saído do nosso caminho há muito tempo. É, perdem-se algumas pérolas para os porcos...

(Ana Morais)

domingo, 25 de setembro de 2011

Um dia...


Os olhos não enxergam, o coração sente, berra e avisa... E enquanto isso, eu finjo que nada perdi, vai que um dia eu me convença, ou essa seja a tal verdade...

(Ana Morais)  
O que se faz com a saudade que insiste em brincar com o futuro?

(Ana M.)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"mal(dito)..."

A palavra seca
vem junto com um
grito que ouço
ao fundo: "destino,
destino, destino..."
Ah, que seja maldito
esse dito
pelos fracos...
apenas repito: 
"MAL(DITO)"

(Ana Morais)


Dois;


Dois sons que desejo ouvir agora: as pausas do meu coração e o barulho das ondas do mar. Fim de tarde em paz, em paz...

(Ana Morais)

ilimitada;


Não tenho medo do veneno
de uma cobra
Nem da boca de um tubarão,
Não tenho medo da dor
Nem da aflição
Não tenho medo
da insanidade de
jogar fora sentimentos
nem do turbilhão
dos desencontros
Mas confesso,
que a covardia
me assusta
E principalmente a idéia de que,
crueldade humana é ilimitada...

(Ana Morais)

domingo, 11 de setembro de 2011

tombo;


Amor bagaço
coração engasgado
que num tombo
foi picotado...
descobriu da
pior maneira
que cada passo dado
era tempo perdido
agora
tudo transforma-se
em líquido...  

(Ana Morais)


Enquanto a lágrima tira um cochilo, alimentar-se é só combustível para levantar.

(Ana Morais)

(9/9)


Um rio corre em mim
despejando as suas águas
no buraco raso
do pescoço...
(encharcado)
e não tem seda
que vire esponja
quando a frieza
rasga o que grudou
na pele,
a goela fecha,
e as horas espalham
no travesseiro
uma dor que começa
fazendo
preliminar
no corpo...

(Ana Morais)

sábado, 3 de setembro de 2011

...


Pelos cantos da noite, sobram deslizes, memórias e devaneios que viram poesia. 

(Ana Morais)

(...)


O silêncio coleciona o que se sente e não se quer falar. 

(Ana Morais)

...


Tem dias que a gente perde os passos tentando libertar uma espera... 

(Ana Morais)

sábado, 13 de agosto de 2011

o barulho do adeus;


É, me carrego, mesmo sem caber no bastante e só por um instante me deixo longe de alguns encontros partidos, vestida com vazios que não fazem somas pelos caminhos, eu escorro nas águas de um mar, nas curvas sem salvação dessa cidade, numa felicidade fria que não despenca do céu, com ciclos que não se completam e um peito dolorido que chora a cada anoitecer... A saudade grita pelos cantos de mim, querendo contar a todo mundo o desespero que é viver trancada com o barulho de um adeus que não se foi.

(Ana Morais)

silêncio;


Tenho em mãos canções que escuto com o coração, num breve silêncio que só me cabe... 

(Ana Morais)

domingo, 7 de agosto de 2011

alado;

Bordando
a vida
escapando da
saudade...

Ao deitar na cama
a calma se vai
Logo vem os
fragmentos de dois
na existência de um

do teto ao chão
você
do lado
alado
ardor
eu
desgosto calado
Agosto
derramado...

(Ana Morais)

fim de tarde;


os riscos que as nuvens fazem
vão, vão
junto com a tarde ''blue''...
e sem pedir licença
ao coração
eu olho a paisagem
Site: Google
imaginando
o lugar que eu queria estar
algumas cenas borradas
somem feito miragem

mas continuo caminhando
a passos lentos
molhando o peito do pé
nas águas
do deixar
do recomeçar
e indo de encontra ao vento
(ir... ir... ir...)

perco-me em rios
que viram mar em ressaca
perde-se perguntas sufocadas
(sem respostas)
nas ondas salgadas
 
amanheço com a lembrança
em desalinho
dia após dia
feito passarinho
que abandona o ninho
e não aprende a bater asa...

(Ana Morais)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

custa;


Nessa fina pele
só é possível
enfeite do querer ser
numa noite de enlouquecer
me deparo com o deleite
e que a minha alma aceite
o repousar de um peito oprimido
Porque em cada adeus
foi um pedaço do meu eu contigo
Aqui se acaba a sina
do apressar dos passos
pra encontrar o motivo
Cansei de seguir um amanhã
que não chega
os dias não estão dando trégua
e o passado
volta
nos velhos traços de outro menino
e por isso que eu não preciso
de um minuto pra dizer
que não necessito ver erro
castigo que me custa
em um universo que
não combina com o meu
sou de um mundo antigo
e não me encontro aqui,
não estou,
não está,
exalou...

(Ana Morais)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

secou;

A fonte secou
só penso o que não
pode ser dito...
Afinal
o que escrever
quando a vida pede pressa
e o cesto da colheita
está vazio?
Se tudo o que
coloco no papel
não passa de uma alucinação
se o sinal fica fraco
a cada deleitar
se nenhum fruto foi apanhado
nem uma palavra
faz sentido
se a jornada se torna cansada
e estreita ao que imagino?

(Ana Morais)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dias...


Passei dias rasgando verbo
Fugindo de letras e papéis
Passei dias suaves
sem lembrar
de promessas não cumpridas
ou  expectativas exageradas
Passei dias aprendendo
com uma alegria que não me inspirava
mas me embrulhava em um cobertor macio
Passei dias sem dor no peito
e respirar pesado
Passei dias longe do que me deixa exausta
passei dias distante de múltiplos sentimentos
Fiz dos dias a morada do acaso
e descobri que quando não escrevo
o destino age com mais tranquilidade
(sem marca-passos)
Passei dias ouvindo a canção da rotina
apagando fios de memória
Passei dias em paz comigo
sem dito, apenas feito
Passei dias repousando nos lençóis
do meu eu.
É, passei alguns dias assim e sinto falta...

(Ana Morais)
  

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Escrevendo;


Escritora por sentir a vida na pele e escrevendo na tentativa de ser leve.
Escritora por gostar de borboletas no estômago e escrevendo para não pesar mais sobre o caos que mora aqui.
Escritora por querer desafios entre os dedos 
e escrevendo numa vontade de equilibrar lágrimas que muitas vezes escorrem em direção ao chão.  
Escritora por parir vírgulas, pontos, paginas que brotam aqui dentro e 
escrevendo outras histórias através dos meus olhares.
Escritora por arte e escrevendo o que por vezes me liberta
Escritora para aliviar a alma e escrevendo sem saber onde me encontro.
Escritora de versos com nomes, datas e escrevendo para um dia revelar uma saída.
Escritora por assim ser, apenas uma escritora.

(Ana Morais)


Dia do Escritor, 25 de Julho de 2011.

domingo, 17 de julho de 2011

oco;


Oblíqua é essa
alma
pendente a
cicatrizes

que se ramificam
a uma dor antiga
a ações
articulações
ardidas,
e ela dói
dói
mais em um dia frio
debaixo de um guarda-chuva
onde o rasgo da mente
mente e
engana a gente
faz conta com o tempo
e tudo diminui
subtrai  
em cada enrolar das calçadas...
E embaixo do céu
coberto
de turvas nuvens
que persistem
em serem cinzas
tudo em mim
parece
oco.


(Ana Morais)


Cansei de ser verso,
De ser pelo avesso
De plantar e cultivar
O que ele
nem merece...

Ana Morais

domingo, 10 de julho de 2011


À toa, desenhei uma praia
nela espero o anoitecer
e me aqueço com o colo
que me cala
E nessa imensidão
resta
velar algumas palavras
que são só pro meu bem querer.

(Ana Morais)

regaço;

Fonte: Google.
O mar se mudou pra cá
água e sal
se misturam nesse
rosto rasgado
e de regaço
escondo a inquietação
numa serenidade que inventa
sorrisos finitos...

Ana Morais

não eram...


Ele; chega com uma prosa áspera
Ela; recua ao que não agrada
Ele; fuma um cigarro nervoso
Ela: se tranca nas mágoas velhas
Ele: vai embora
Ela; fica presa aos gritos  
Ele: no dia seguinte volta pro jogo cínico
Ela; não aceita a próxima rodada
Ele; percebe o que se desenhou durante a cada vírgula
Ela; não consegue sorrir pro perdão
Ele; se torna lágrima
Ela: vítima da frieza profunda
Ele: mais uma vez sozinho
Ela: alagada num poço dele
Ele: some
Ela: seca
Ele: peito vazio
Ela: tanto faz
Eles: não eram... nem foram.

Ana Morais

terça-feira, 5 de julho de 2011

cirandas;




                                                  
                                                  Em silêncio
                                                   sigo outra vez
                                                  no meio das cirandas
 da vida
 do tempo
do medo
dos ciclos
que continuam vazios
Entre as ondas
e o vai-e-vem...
Feito criança travessa
corro e caiu,
me machucando
                                                    indo em frente
com a ferida aberta
                                               sabendo que irá cicatrizar
                                    (...) 
                                  Mas que novamente
                                                voltará a machucar
                                                   a sarar
a ferir
(...)
                                                   ando em círculos
demasiadamente
cansativos

                                                  (Ana Morais)

avermelhado;



o céu calmo
a tarde soprando o vento
o meio-fio tão cinzento
e o sol avermelhado
morrendo nas sombras
do fim de um dia,
 junto com o que eu penso
tudo se vai, se vai...

(Ana Morais)

um minuto;


Quero ficar sozinha
com as feras da solidão
fazer de mim o imenso
desejo do silêncio
Nada denso na mão
Só as horas que correm
O aperto na garganta
Um vôo preso
e um pássaro sem canto
Por um minuto
preciso manter distância
de tudo que for "perfeito",
muito feliz ou hipócrita demais...

(Ana Morais)

Não parem...


Não parem para me ouvir
Não parem para me ler
Não parem para perder tempo
Não parem para prestar atenção
no que eu digo...
São sempre frutos do que não
quero repassar para ninguém.
São sempre furtos
dos estreitos muros
que tive que ultra(passar)...

Ana Morais

despejados;


Até saudade
dos sentimentos
despejados
por um tempo
senti
Insisti no que
me revirou pelo avesso
E diante dos olhos
enxerguei
os longos anos que
não voltarão mais
corta saber que 
nunca foi terno.

(Ana Morais)

tecer;


tecer o miúdo esforço
me fez encher o quarto
do que hoje dói
lembrar o motivo
virou uma farpa cortante...

(Ana Morais)

tempo;


Num anoitecer
o tempo
veio me visitar
mostrei minha face
envelhecida e sem rumo
Logo, escrevi uma frase
ou qualquer coisa que me
viesse em mente
para me libertar,
ficar livre da sensação
de não saber mais me justificar
(para ele)

(Ana Morais) 

sábado, 2 de julho de 2011

à deriva;


Se me tocar
Imagem: weheartit
sinto calor em
pleno inverno
Me faça de loba a noite inteira,
engravida-me de letras novas.
E no seu uivo
sopra o hálito quente
ou outro verso gosto de sáliva.
O segredo da chuva fina
é a reflexão feita
numa cama desarrumada
banhada de dois corpos
esparramados
à deriva do pensamento...
(Ah, a memória da derme
atravessa a linha do provocante)

(Ana Morais)

terça-feira, 28 de junho de 2011

na varanda,


me conservo tão longe,
Imagem: Fernando Manuel Gomes
furto um pôr-do-sol
e escuto o vento em suas rotas
falar com algumas folhas.
a prosa é livre como a brisa do mar,
voa verbo
enquanto eu respirar
pode continuar,
só assim desejo te tocar,
correr atrás é sonhar,
não sei bater asa ainda
mas a poesia me faz pairar...

(Ana Morais)

prenha;


a sina vive prenha de
segredos íntimos
a tempestade vestida
em uma renda preta
que enche as mãos
de cobiça
a pele mora na pressa
o flagelo escorre na fina
presença do ontem
e a promessa alinhada ao
ritmo do que vira areia
em um deserto.

(Ana Morais)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

perdido;


Imagem: weheartit

Perdido é brigar com o que
não tem bússola
Desafiar a razão
brincar com o perdão
ofuscar a cabeça
e ser levada pelo coração
Perdido é o nosso jogo,
essa trajetória
de mais um engano do destino
Perdido é me perder
e ainda assim te querer.

(Ana Morais)

feitiço;


Num momento cheio de aconchego, aconteço.
em alguns dias de silêncio, faço milagre.
pode ser no gosto da pele, no passar da língua
ou nas distrações do sabor da poesia,
que insiste em virar palavra
Num lugar que era nosso,
calo, experimento, ouço, toco e atiço
com todos os sentidos e até o sexto,
se for preciso.
Só pra não deixar morrer
o meu feitiço.

(Ana Morais)

calar e olhar;


Imagem: wordpress
Ontem apressei
os passos
com uma aflição
que não sabia disfarçar
no sentido de alcançar
um enxergar teu
verdade direi ao assumir
que minto
quando nego o prazer
que sinto ao acreditar
no que ninguém tolera
Ontem em brinde a
uma falta de calma
saí, amargurada
com um pensamento
de silenciar ao te encontrar
defronte ou não
Ontem, as palavras
não tinham importância
nem foram escolhidas
afinal, fiquei longe
com o meu paladar
pedindo o gosto de
um aproximar
Ontem, sentei e deixei
os olhos fixados ali
naquela porta
sabendo que existiria
o momento distraído
que eu iria calar e só olhar

(Ana Morais)