segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

que só duram (...)

A chuva me deixa mansa, fico mais minha, me trago no peito. O que perturba é essa alegria que quer camuflar a ausência, tenta esconder os pedaços de brasas que queimam. A carência não mantêm distância. Me deparo sempre com o engano, o não esquecido, frases misturadas, metades. Cansei de tecer fios que duram instantes.

Ana Morais

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Penso.

Penso o que sente quando escuta aquelas músicas,
Penso enquanto vejo alguns filmes,
Penso no momento que escrevo,
Penso quando fechos os olhos e me vem o seu cheiro,
Penso quando pego um novo livro,
Penso durante esse temporal,
Penso em doer pra esquecer,
Penso se foi com amor,
Penso até em recolher meu passado,
Penso em me prender a velhos ciclos.
Penso quando escuto sua voz traiçoeira fazendo eco.
Penso até como o meu corpo estremece quando te respira.
Mas agora, ando pensando mesmo, em abafar esses pensamentos.

Ana Morais

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

devagar;

Me abro com leveza, de novo.
Os detalhes me ensinam que tudo passa. Que os meus passos irão seguir ao longo das estações. Que a estrada necessita da caminhada. Tenho uma certeza áspera em mente e uma poesia que fica. Minhas noites vão de reencontro com as esquinas perdidas, mas a voz do vento sopra com frequência e limpa devagar.

Ana Morais

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sem pressa.

Fico me revirando com pequenos conflitos,
Abrindo espaços pra meu orgulho machucado.
Esqueço dos presentes que recebo ao levantar.
E termino trocando sorrisos fáceis, por choro incontido.
Tanta coisa acumulada e essa falta querendo dar sentido.
Ele não chega, eu fico no quase descuido de não lembrar.
O que ainda eu deixo guardado é que... “se for pra ser, renasce”.

Ana Morais

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

cair em si.

Mesmo me elaborando, paro em alguns lugares que prendem e não consigo ser partida. Como fugir do que fica preso?
Vou voar e segurar o silêncio desmesurado, os dias de chuva que lavam, as esperanças com novos risos saindo pelos cantos e algumas estrelas brilhantes durante as noites... Estranho é essa vontade de virar palavra. Nos sonhos que me aquecem vejo a hora que te reencontro e olho pra tua face. Conto com os dedos, mas sinto a dor dilatando. O tempo fala comigo e pede pra tornar-me amena, só assim tudo lá fora pode se transformar.
O passado desprende aos poucos e isso me dá medo, carrego um amor entre o laço que me puxa e me solta. Cair em si, fere.

Ana Morais

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

outraz vez.

Renovo (de)coração e algumas velhas memórias,
Em apenas uma olhada, vejo que preciso guardar toda essa falta.
Só quero o conforto de não sentir mais saudade e outra vez estar bem.

Ana Morais

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

excessos.

Como não saber traduzir uma saudade?
Como não saber diminuir uma distância?
Como doer tanto pra dar novos passos?
Como achar o aconchego num só lugar?
Como se reconhecer nos teus palpites?
Tudo fica mais bonito com o seu nome.
Vem, mas vem em excessos.




Ana Morais

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Fé.

Uma busca entre as garras da indiferença, chega embalar o mundo inteiro que me guarda. Quando contemplo uma delicadeza tão desarranjada, vem as recordações adormentadas e portas que insistem em ficarem fechadas. Então, corro para as janelas e respiro. Com uma simplicidade e algumas histórias que reduz as quedas, recolhe a dor. Meu olhar se tranca e não quer mais desaguar no presente.
Constantemente me pego te alcançando durante os minutos que se passam. É forte, é um amar bonito, arrepia os pêlos e me prende nos braços dos sonhos sinceros.
Fico em passos lentos. Mas faço florescer uma nova vida a cada suspiro.
Nesses dias de chuva, me pareço mais sozinha, sem contos de acasos. Só miro nas perdas e fujo para os encontros. Feliz ficaria meu entardecer habitando mais na fé.

Ana Morais

sábado, 19 de fevereiro de 2011

(...)


Se um dia eu te sentisse por completo.
Se eu acordasse com tua vontade encontrando-se com o meu afeto.
Se toda a indecisăo fosse pra onde eu te espero e ficasse por lá...

Quais os sabores que a vida teria?
Quais as cores diferentes?
Quais espaços ficariam preenchidos?
Quais das metades seriam concluídas?

Como iria ser divino, a tua presença junto a mim.
Parando meu olhar e a saudade.
Te queria mais perto. Como eu queria!
É mais do que uma mera intenção.

Ana Morais

não me olhava.

Abri os olhos, troquei os focos.
E deixei num canto qualquer essas dúvidas. Teve dias que me vi tão pequena quando percebia que o descanso não me olhava mais...

Ana Morais

alma calada;


Meus desejos se confundem, nesse baú de imensidão.
Teimo com os minutos que se apagam,
quero atrasos que me levam até você.
Fazer acontecer e rir aliviada.
Estou sonhando com a alma calada.
Se um dia faltar o tempo, peço pro futuro me acompanhar, mas agora só preciso da sua companhia.

Ana Morais

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

se recompõe;


Põe e se recompõe em mim.
Mata a sede, guarda meus segredos, acorda o teu coração com esse meu exagero ao te ver.
Lava essas crises que tomam conta quando sua ausência faz presença. Fico em paz com essas esperanças.
Ouço aquela música e não canso. É o que sobra quando a última angústia do dia me diz que não dar uma só linha entrelaçada. Qualquer sinal preciso, só pra salvar “nós dois”, já que não existe mais as “nossas bocas” nem o "nosso calor"

Ana Morais

estômago.

É como se eu tivesse aprendendo a andar novamente, seguindo, sem tocar nas frágeis lembranças, que se tornou um lugar proibido pra mim.
É como se eu não soubesse o certo, nem ao menos traduzir o que sinto.
É como se os espaços cada dia aumentassem mais.
Sei que não esqueci de rir, isso deve morar aqui dentro.
Fecho os olhos e a única coisa que me traz um sorriso é... Seu cheiro. Quando recordo as sensações, o som das asas de todas as borboletas que voavam no meu estômago percorre no ar. Permaneço num silêncio pra escutá-las.

Ana Morais

sábado, 12 de fevereiro de 2011

mesmo quieta.

Amanheci concentrada em um ponto final, encontrei algumas vírgulas, mas quero perder todas essas pausas. Durante alguns anos coloquei reticências no teu silêncio que me deixava tão vulnerável. Não finalizei nos dias, e hoje minha alegria se torna infeliz. Imagino sozinha, qualquer coisa que te faz lembrar, um vulto, pelo menos. E acho pouco. Bonito se torna quando vejo meu jeito de querer tanto, mesmo quieta. Mas a vida me chama pra outras vindas, o pouco que resta ainda dar para recriar novos "amores". Lutei na esperança de ver sua esquina bater com a minha.
Porém, olho agora como se fosse a última vez, o aperto me domina.
Vou colocar meu choro preso pra fora e compensar meu riso aflito.


Ana Morais

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

arrastadas;

Minhas horas andam tão cheias de esperas, arrastadas, cansadas.
Os choros não sabem mais por onde escorrer.
Meu olhar não tem sossego.
Me tranco, mas por algum tempo vejo que deixo passar mais um dia.
Sentindo a mesma falta, nessa rotina sem paz.

Caminho, me preservo tão minha, que não sobra espaços.
Ando sem permanecer num abraço, não consigo morada em outros braços.
E só penso multiplicar aquela alegria que senti.

Não caibo mais em mim, me dói tanto, em nunca me prender.
Preciso me lembrar, cair no teu pensar, no teu corpo...
Não posso ser miúda assim.
Me afogar, não mais, chega de tristezas sem fim.


Ana Morais

suas ondas;

Nesse instante, o mar que nos faz distantes, me mergulha entre suas ondas.
E os meus olhos de saudade, ficam cada vez mais longe, mais fora. Afastados.

Ana Morais

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

algumas gavetas.

Busco milagres diários. Daqueles que secam as lágrimas e retiram as perdas de perto. Às vezes fico de contra o vento na tentativa de não sentir o rosto molhar.
E nesses breves momentos, descubro esse medo de viver me arranhando.
O meu mundo está cheio de inundações e o tempo demora com a sua mão, faz durar tanto. Ainda me salvo com um riso que tento refazer. Me permito ver a lua, me distraio com uma chuva de verão e sinto a liberdade me aquecer o dia.
Aos poucos passos dados irei me encher de sabores modificados, mas antes preciso esvaziar algumas gavetas.

Ana Morais