sábado, 13 de agosto de 2011

o barulho do adeus;


É, me carrego, mesmo sem caber no bastante e só por um instante me deixo longe de alguns encontros partidos, vestida com vazios que não fazem somas pelos caminhos, eu escorro nas águas de um mar, nas curvas sem salvação dessa cidade, numa felicidade fria que não despenca do céu, com ciclos que não se completam e um peito dolorido que chora a cada anoitecer... A saudade grita pelos cantos de mim, querendo contar a todo mundo o desespero que é viver trancada com o barulho de um adeus que não se foi.

(Ana Morais)

silêncio;


Tenho em mãos canções que escuto com o coração, num breve silêncio que só me cabe... 

(Ana Morais)

domingo, 7 de agosto de 2011

alado;

Bordando
a vida
escapando da
saudade...

Ao deitar na cama
a calma se vai
Logo vem os
fragmentos de dois
na existência de um

do teto ao chão
você
do lado
alado
ardor
eu
desgosto calado
Agosto
derramado...

(Ana Morais)

fim de tarde;


os riscos que as nuvens fazem
vão, vão
junto com a tarde ''blue''...
e sem pedir licença
ao coração
eu olho a paisagem
Site: Google
imaginando
o lugar que eu queria estar
algumas cenas borradas
somem feito miragem

mas continuo caminhando
a passos lentos
molhando o peito do pé
nas águas
do deixar
do recomeçar
e indo de encontra ao vento
(ir... ir... ir...)

perco-me em rios
que viram mar em ressaca
perde-se perguntas sufocadas
(sem respostas)
nas ondas salgadas
 
amanheço com a lembrança
em desalinho
dia após dia
feito passarinho
que abandona o ninho
e não aprende a bater asa...

(Ana Morais)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

custa;


Nessa fina pele
só é possível
enfeite do querer ser
numa noite de enlouquecer
me deparo com o deleite
e que a minha alma aceite
o repousar de um peito oprimido
Porque em cada adeus
foi um pedaço do meu eu contigo
Aqui se acaba a sina
do apressar dos passos
pra encontrar o motivo
Cansei de seguir um amanhã
que não chega
os dias não estão dando trégua
e o passado
volta
nos velhos traços de outro menino
e por isso que eu não preciso
de um minuto pra dizer
que não necessito ver erro
castigo que me custa
em um universo que
não combina com o meu
sou de um mundo antigo
e não me encontro aqui,
não estou,
não está,
exalou...

(Ana Morais)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

secou;

A fonte secou
só penso o que não
pode ser dito...
Afinal
o que escrever
quando a vida pede pressa
e o cesto da colheita
está vazio?
Se tudo o que
coloco no papel
não passa de uma alucinação
se o sinal fica fraco
a cada deleitar
se nenhum fruto foi apanhado
nem uma palavra
faz sentido
se a jornada se torna cansada
e estreita ao que imagino?

(Ana Morais)